A inteligência artificial, especialmente os sistemas generativos como o ChatGPT e o Gemini (ex-Bard), está transformando a maneira como as pessoas acessam informações — e essa mudança está ocorrendo em uma velocidade que surpreende até os grandes players do mercado. A substituição do modelo tradicional de busca baseado em links por respostas geradas por IA tem impacto direto sobre o ecossistema digital, afetando desde empresas de mídia até o modelo de negócios do próprio Google.
A ascensão dos assistentes baseados em IA
Plataformas como ChatGPT, Perplexity, Claude e Microsoft Copilot estão mudando a experiência de busca online. Ao invés de digitar palavras-chave e clicar em diversos sites para encontrar a resposta, usuários agora recebem respostas completas, organizadas e contextualizadas diretamente na interface de conversa com a IA.
Segundo dados da empresa americana Similarweb, o tráfego de sites de busca tradicional caiu cerca de 3% a 5% globalmente no primeiro semestre de 2025, enquanto plataformas de IA registraram crescimento de mais de 20% no mesmo período.
Essa migração tem um motivo simples: eficiência e personalização. A IA entrega respostas precisas, com linguagem natural e sem a necessidade de navegar por múltiplos links ou anúncios, reduzindo o tempo de busca e aumentando a satisfação do usuário.
Google reage, mas modelo está sob pressão
O Google ainda domina o mercado de buscas, com mais de 90% de participação global, mas vem enfrentando uma pressão inédita. Em resposta ao avanço da IA, a empresa lançou o Google Search Generative Experience (SGE), que integra inteligência artificial nas páginas de resultados. No entanto, essa transição vem sendo feita de forma cautelosa, para não prejudicar o principal motor de receita da empresa: os anúncios pagos.
Segundo relatório do Bank of America publicado em julho de 2025, o modelo publicitário do Google pode ser um dos mais afetados por essa mudança. Isso porque, quanto menos os usuários clicam em links patrocinados, menor o retorno para os anunciantes — e, consequentemente, menor a receita da plataforma.
Impactos no mercado financeiro e na publicidade digital
A substituição do Google por sistemas de IA tem implicações econômicas diretas:
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Empresas de mídia e publishers perdem tráfego, o que afeta a monetização via anúncios (AdSense, por exemplo).
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Agências de marketing precisam reestruturar estratégias de SEO e conteúdo para se adaptarem a respostas geradas por IA.
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Investidores reavaliam as perspectivas de empresas que dependem fortemente do tráfego orgânico via Google.
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Plataformas emergentes como Perplexity e DuckDuckGo AI recebem rodadas de investimento robustas, atraindo capital de risco interessado em novos modelos de busca.
De acordo com a McKinsey, o mercado de busca assistida por IA pode movimentar mais de US$ 40 bilhões por ano até 2028, considerando apenas publicidade, assinaturas e integração em dispositivos e sistemas operacionais.
Mudança no comportamento do consumidor
A popularização de interfaces conversacionais tem acelerado a mudança no comportamento do usuário:
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Busca por respostas completas, não por páginas: o consumidor não quer mais buscar, mas sim receber a informação pronta.
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Uso crescente da voz e de interfaces multimodais (imagem, texto, vídeo): plataformas como o ChatGPT com visão ou Copilot com recursos visuais aumentam a complexidade e utilidade das respostas.
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Menos dependência de palavras-chave exatas: o modelo tradicional de SEO perde força frente ao entendimento contextual das IAs.
Estudos do Pew Research Center mostram que 30% dos usuários entre 18 e 34 anos nos EUA já preferem iniciar suas pesquisas em plataformas como o ChatGPT, em vez de no Google.
O que isso significa para o futuro da busca
A substituição total do Google ainda está longe de acontecer, mas o modelo de busca baseado em IA é claramente o novo padrão em formação. As principais tendências incluem:
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Busca híbrida, onde resultados tradicionais e gerados por IA coexistem por um tempo.
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Personalização extrema com base em histórico, contexto e comportamento do usuário.
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Menos cliques, mais respostas diretas, o que muda completamente a lógica de navegação da internet.
Empresas e profissionais de marketing precisam se adaptar rapidamente. A produção de conteúdo útil, estruturado, original e que sirva como fonte para sistemas de IA será cada vez mais relevante do que a simples otimização para mecanismos de busca convencionais.
Considerações econômicas e estratégicas
Do ponto de vista financeiro, a aceleração da IA generativa coloca em xeque modelos de negócio consolidados. O Google já representa cerca de 56% da receita global de publicidade digital. Qualquer mudança na dinâmica de buscas e cliques pode afetar não só seu faturamento, mas também o valor de mercado de empresas que dependem desse ecossistema.
Ao mesmo tempo, surgem novas oportunidades para plataformas que oferecem busca conversacional, respostas personalizadas e integração com dispositivos inteligentes, criando um ambiente mais competitivo e inovador.
Conclusão editorial
A inteligência artificial não está apenas transformando a forma como buscamos informações. Ela está remodelando a arquitetura da internet, o comportamento do consumidor e o fluxo de capital no setor digital. A velocidade com que os usuários estão migrando para soluções baseadas em IA surpreendeu até mesmo os líderes da indústria, sinalizando que o domínio do Google pode estar, pela primeira vez, sob uma ameaça real e estrutural.
